terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Viva o sofrimento!

Me solidarizo com os que sofrem. Isso é algo que tenho notado há um bom tempo. Gosto dos que sofrem. Normalmente gênios sofrem. Apenas quem se dá conta da realidade ao seu redor sofre.
Mas veja bem, gosto de quem sofre, mas é forte. O sofrimento dos fracos não me acrescenta. Sofrer quando não se tem força, é normal. Sofrer sendo forte é uma benção.
Também não falo de sofrimentos físicos, nem de ser triste, ou coisa parecida. Mas sim o sofrimento inquietante que não admite a estagnação. Não admite a inércia. O sofrimento de ver o mundo ser tão miserável e não aceitar. Não deveríamos aceitar. Infelizmente somos criados para aceitar, mas não deveríamos. Deveríamos resistir, e resistir é sinônimo de sofrer.
Sofrer é viver. É sentir a vida em sua intensidade. A dor faz sentirmos a vida. Viver dói. O bebê chora quando nasce porque dói. Dói muito nascer. A vida é no sua gênese sofrimento.
Para mim não existe nada mais intenso que a loucura de Nitzsche, que o sofrimento de Kafka, que os horrores vividos por Dostoiévski na prisão. Esse sofrimento transformou-os nos maiores pensadores/escritores da história. Fez com que atingissem uma profundidade quase mortal da própria existência.
O sofrimento pode nos tornar fortes. O sofrer, quando bem aproveitado, nos torna mais resistentes. Só, temos que cuidar, para não nos tornarmos duros. Já dizia Che, "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás." Temos que sofrer com sorriso nos lábios, como o soldado que corre em direção a morte com o sorriso da lembrança da mulher amada. Sofrer sem perder a doçura. Sofrer lutando contra aquilo que nos causa a dor, mesmo estando consciente de que a dor nunca vai acabar.
E morrer, felizes como quem espera os aplausos após a peça da vida acabar.

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