quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo

Caros amigos!

Está chegando o final do ano. Amanhã, estaremos contando os segundos para deixarmos o ano de 2009 e pisarmos fortes no ano de 2010. Todos sabem que sou prático, realista. Não espero de 2010 mais do que ele pode me dar. E o que 2010 pode nos dar a mais que 2009? Quem descobrir esse segredo, descobrirá um caminho para evoluir, melhorar.
2010 nos dará Novas Oportunidades. Apenas isso, nada mais.
Teremos em 2010 a oportunidade de aproveitarmos melhor as oportunidades que tivemos em 2009 e não aproveitamos. Oportunidade de sermos melhores pais, filhos, maridos, esposas, vizinhos, amigos, colegas. Oportunidade essa que se disperdiçada, talvez não venha novamente e 2011.
Talvez em 2011 alguns de nossos amigos não estejam mais aqui. Talvez nossos filhos saiam de casa por vários motivos bons e ruins, e não tenhamos aproveitado para curtí-los. Nossos pais podem nos deixar sem termos aproveitado a oportunidade de nos reconciliarmos de nossos erros, ou de simplesmente tê-los abraçado forte.
Em 2011 ninguém nos garante que nossos amigos não se afastarão, como tantas vezes nos afastamos de nossos amigos que seriam para a vida toda. Oportunidade essa em 2011 de fazermos novos amigos, não muitos, mas 1 ou 2 que sejam sinceros e leais.
Não sei se em 2011 teremos a oportunidade de tratar bem o colega de trabalho, de dar bom dia para um vizinho. Não sei se em 2011 ainda terei condição de ser um ser humano. Já perdi essa capacidade uma vez, e é horrível.
Por isso 2010 é tão importante. Por isso 2010 terá os mesmos problemas, alguns mais, outros menos, que em 2009. Não iremos mudar o mundo. Não iremos acabar com a fome, com a prostituição infantil, ou com a cara amarrada do chefe. Tudo prosseguirá como sempre, apenas as oportunidades surgirão.
Por isso, para 2010, não lhes desejo nada mais do que coragem para correr atrás de sonhos, e força para agarrar toda a oportunidade que lhe for dada.
Em 2010 sejamos ótimos homens e mulheres, e que venham os problemas, as dores, as decepções, a saudade, as ausências. Mas que venham contudo, porque estarei aqui, esperando por elas, de coração aberto, pois sei que hoje tenho a oportunidade de construir o melhor dia da minha vida. E não posso deixar para amanhã. Nem para 2011. Que venha 2010.

Feliz Ano Novo a todos.

Marco

Pastor sem rebanho

Não quero que me sigam. Não quero que concordem comigo. Apenas quero que vejam o que está diante dos olhos de cada um com clareza, e não envolta num universo de sonhos e crenças, cheia de medos e desejos contidos por mandamentos e textos. Não, jamais dobrarei meus joelhos diante de papel e manipulação. Sou um pastor, mas não me permito ter rebanho. Quero que todos que vierem a mim, virem ovelhas livres. Se não tiverem condições, que virem ovelhas de outros, não minhas.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal, Natal, Natal

Já gostei mais do natal... não que não goste hoje, mas enxergo-o de maneira diferente do que a 15 anos atrás... A 15, talvez 20 anos atrás, o natal simplesmente chegava. Reuniamos a família, festejávamos, ganhavamos presentes, fingiamos que ainda acreditávamos em papai noel.
Depois que me tornei adulto, o natal começou a perder um pouco do sentido. Falamos em tempos de paz, em que devemos nos abraçar, em que o espírito natalino nos torna pessoas melhores, mais humanas, amigas, honestas... mandamos cartões desejando boas festas aos próximos, e até aos não tão próximos... Vemos filmes de Jesus, de papai noel, de milagres, de anjos...
Então, tomado pelo maravilhoso espírito natalino, resolvemos sair as ruas. Então o espírito da realidade, o espírito de porco toma conta.
Logo, você pensa que é páscoa, pela via crucis a ser feita. E a via crucis hoje tem outro nome, trânsito. De cara, engarrafamento. Se você quer estacionar, não tem vaga, se quer sair, ninguém dá espaço. E o tal de espírito de solidariedade? Ah, esqueci, era coisa do filme que assistimos na noite anterior. Pessoas acotovelam-se nos corredores dos supermercados. Quase se matam para conseguir o melhor peru, chester, ou o que for. Depois vão a igreja escutar o padre falando sobre dar a tunica, se pedirem o manto. E resolver ofertar o melhor peru para a pessoa do lado? Nem pensar, e o que meus amigos e familiares vão falar se o meu peru não for o melhor?
Pensa o malandro, vou ficar perto da velhinha, vai ser fácil pegar o melhor peru. Pobre engano. Até a pobre velhinha, indefesa durante o ano, torna-se um leão na luta pela melhor ceia.
E os presentes?! Não esqueçamos dos presentes, afinal, natal não é natal sem presentes, afinal, comemora-se a vinda do papai noel (era isso mesmo? bom acho que era). Aquele bom velhinho com roupas de veludo e lã, puxado por um trenó de neve, por renas. Tipico traje brasuca, para o calor de 32 graus que fez hoje.
Ah, esqueci! Há sempre o momento redenção dos pecados, onde doamos algo velho, ou barato (sim, porque se for bom e caro, não sou trouxa de dar para os outros) para uma criancinha necessitada. O resto do ano ela que se lixe, mas no natal, ela tem que ser feliz e eu tenho que me redimir dos meus pecados. Deus tá olhando, logo, faço uma doação, e um sinal da cruz depois, que é pra ter certeza que Deus não vai esquecer que doei. Mas claro, não podemos esquecer o aniversariante do dia. Jesus. Sim, aquele dos pastores, que nasceu na manjedoura(ou será mangedoura, nunca sei), com a tal da estrela, os reis, os anjos. O salvador. Que veio ao mundo pregar o fim da hipocrisia (afinal, se resolvermos realmente entender o que Jesus pregou, iremos descobrir que o que ele mais fez foi pregar contra a hipocrisia). Legal, esse cara era bom. Se todos fossemos como ele, o mundo seria melhor. Se esse filho da p*** que tá com o carro parado na minha frente andasse, o mundo seria melhor. Aliás, se esse cara não existisse o mundo seria melhor. Aliás, se esse monte de gente não existisse o mundo seria melhor.
E é assim, que ano após ano, tenho visto o natal. Uma época fantástica em que as pessoas se tornam melhores, e que o espírito de natal reina, trazendo um ano novo com muitas realizações de sonhos (IPTU, IPVA, IRPF, IRPJ...........). E certamente, 2010 será muito melhor que 2009, até porque, se piorar, fica difícil.

Abraços e espero que essa mensagem de natal não seja desanimadora, mas sim, ponto de início para uma reflexão do que fazemos com nós mesmos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Nada mudou

Nada mudou... nada nunca muda.... por mais que pareça que muda, nada muda. Tudo continua exatamente igual, numa inércia que parece incapaz de ser quebrada. Ainda bem, se mudar, teremos q abrir mão, renunciar.
Toda mudança exige renúncia, exige separação, exige dor. A inércia exige apenas paciência, compreensão e preguiça. Talvez por isso não mudamos, pela preguiça.
Somos preguiçosos natos. Somos gatos vadios, dormindo ao sol da primavera. Enquanto os campos florecem, os parques se enchem de alegria, a vida passa arrastando consigo os anos que nos levam a juventude, e continuamos nessa janela, deitados, preguiçosos, olhando as pessoas correndo e tentando se esconder desse mesmo tempo.
Aceitamos com passividade a chegada do verão, o calor que aumenta ainda mais nossa preguiça, que nos deixa moles de vontade. Lentamente, movemos a cabeça apenas para acompanhar pessoas migrando para praias, aglomerando-se nas compras de natal, festas, férias, boates, barzinhos, caminhadas.... ufa... cansamos só de olhar.
O outono prova que a mudança traz dor, e pensamos carinhosamente no nosso tédio. As árvores floridas já estão nuas, tremendo aos primeiros ventos frios. As praças não estão mais tão cheias, e as pessoas murcham, como as flores, e caem, como as folhas. A vida prepara-se para o inverno, e nós simplesmente fechamos o vidro, mas continuamos observando tudo.
E chega o frio. Cortante do inverno. Com lareiras acolhedoras, aquecedores amados, já esquecidos a algum tempo. As pessoas, guardando suas excessões, esperam impacientemente a primavera, e suas flores, seus cheiros, suas cores. E nós continuamos observando.
Por isso somos tão fortes, eu e tu. Pois aceitamos o tempo, não fugimos dele.
Ainda lembro como hoje, suas mãos geladas, a tremedeira e a voz embaralhada. E elas não mudaram. Mesmo com a chegada do verão, continuam geladas, embora a voz não embaralhe e não tremas mais. Mas também não mudei, minhas mãos continuam quentes, prontas para receber as tuas. Por isso continuamos assim, olhando pela janela, juntos, enquanto os outros correm em busca do que está bem diante de seus olhos.
Nem sempre buscamos a felicidade correndo atrás dela. Muitas vezes é necessários sentar e esperar ela passar pela janela.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Viva o sofrimento!

Me solidarizo com os que sofrem. Isso é algo que tenho notado há um bom tempo. Gosto dos que sofrem. Normalmente gênios sofrem. Apenas quem se dá conta da realidade ao seu redor sofre.
Mas veja bem, gosto de quem sofre, mas é forte. O sofrimento dos fracos não me acrescenta. Sofrer quando não se tem força, é normal. Sofrer sendo forte é uma benção.
Também não falo de sofrimentos físicos, nem de ser triste, ou coisa parecida. Mas sim o sofrimento inquietante que não admite a estagnação. Não admite a inércia. O sofrimento de ver o mundo ser tão miserável e não aceitar. Não deveríamos aceitar. Infelizmente somos criados para aceitar, mas não deveríamos. Deveríamos resistir, e resistir é sinônimo de sofrer.
Sofrer é viver. É sentir a vida em sua intensidade. A dor faz sentirmos a vida. Viver dói. O bebê chora quando nasce porque dói. Dói muito nascer. A vida é no sua gênese sofrimento.
Para mim não existe nada mais intenso que a loucura de Nitzsche, que o sofrimento de Kafka, que os horrores vividos por Dostoiévski na prisão. Esse sofrimento transformou-os nos maiores pensadores/escritores da história. Fez com que atingissem uma profundidade quase mortal da própria existência.
O sofrimento pode nos tornar fortes. O sofrer, quando bem aproveitado, nos torna mais resistentes. Só, temos que cuidar, para não nos tornarmos duros. Já dizia Che, "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás." Temos que sofrer com sorriso nos lábios, como o soldado que corre em direção a morte com o sorriso da lembrança da mulher amada. Sofrer sem perder a doçura. Sofrer lutando contra aquilo que nos causa a dor, mesmo estando consciente de que a dor nunca vai acabar.
E morrer, felizes como quem espera os aplausos após a peça da vida acabar.