domingo, 3 de maio de 2015

Opinião

Resolvi, curioso como sou sempre, buscar a etimologia da palavra OPINIÃO. E, por consequência, entendi porque todos temos cada vez mais opiniões. Simples, por que cada vez mais temos informação e não temos conhecimento. Cada vez mais ignoramos a verdade e quando se ignora a verdade, produzimos opiniões.

Calma, explico-me. Veja o que diz o Michaelis:

o.pi.ni.ão 
sf (lat opinione1 Maneira de opinar; modo de ver pessoal; parecer, voto emitido ou manifestado sobre certo assunto. 2 Asserção sem fundamento; presunção. 3 Conceito, reputação. 4 Juízo ou sentimento que se manifesta em assunto sujeito a deliberação. 5 Capricho, teimosiaO. pública, Sociol: juízo coletivo adotado e exteriorizado por um grupo ou, em sociedades diferenciadas e estratificadas, por diversos grupos ou camadas sociais.

Agora, vamos a análise. Dois pontos chamaram-me bastante atenção, as quais negritei acima. Asserção sem fundamento e Capricho, teimosia.

Opinião é, por origem de significado, falar do que não se domina. Se domina o assunto em questão numa discussão, você tem uma certeza, e não uma OPINIÃO. Opinar pressupõe ignorar o assunto.

Portanto, quando você defender com ferocidade a sua opinião, espero que tenha em mente que ignora a verdade sobre o assunto, e está defendendo apenas o seu modo de ver pessoal.

Resumindo, 99% do que se vê hoje na internet são opiniões. Pessoas que não fazem a mínima ideia do que estão defendendo, praticamente pegando em armas, sem ao menos estudarem o assunto em questão. Ou você vai me dizer que leu o que diz a lei da terceirização. Ou vai me dizer que leu o que está sendo discutido e votado no Paraná. Ou ainda, tem noção do que é pedir o impeachment de um presidente da república.

Acho difícil, são assuntos complicados, com textos normalmente longos, que exigem tempo e dedicação. Ou seja, muito mais simples opinar do que conhecer.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

O importante é ter razão

Descartes diz que: "Não há nada no mundo que esteja melhor repartido que a razão: todos estão convencidos de que a tem de sobra."

O atual cenário sócio-político brasileiro está assim. Agravado/melhorado/aumentado pela facilidade de expressão pelas redes sociais, todos tem opiniões sobre todos os assuntos, ainda mais neste fervor que está a política no nosso país.

Analistas comemoram: "Sim, está se discutindo política no Brasil!!!"
Políticos bradam: "O povo está se manifestando!!!"

Facebook, Twitter, Instagram, "Tizapi" pipocam postagens sobre quem está certo, quem está errado, quem é bom, quem é mau, quem roubou mais ou menos, quem foi preso justa ou injustamente. Obviamente, todas opiniões amparadas em argumentos fortíssimos, quase irrefutáveis, vindo de fontes super confiáveis.

Por exemplo:

O cidadão com fortes ligações de esquerda justifica todo seu discurso em idôneas e imparciais matérias da Carta Capital. Esta maravilhosa revista que é a única que tem coragem de refletir a realidade nua e crua deste maravilhoso país que melhora a cada dia, apesar desta oposição burguesa e escravizadora.

Já o cidadão com vertentes direitistas prova que a esquerda está levando o país a derrocada com contundentes reportagens jornalisticas e profissionais da Veja, que não se corrompe com o poder do comunismo cada vez mais dominador, prestes a transformar o Brasil em uma nova Cuba.

E como o importante nisto tudo é ter razão, caso essa rica argumentação de ambos não tenha força suficiente, xingamentos e trocas de acusações são bem vindas. É tudo um grande GreNal, onde o que importa é provar que seu time é melhor. Nem que pra isso seja necessário destruir o país.

Mas nem sei porque escrevo isso!!! Claramente serei um Comunista de Direita, ou um Coxinha Companheiro. E quem provará que sou tudo isto serão mídias isentas e certamente com o único interesse de melhorar o Brasil, desde que seja do seu jeito.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sentir-se Vivo

Você lembra quando foi a última vez que se sentiu vivo?

Não, não falo de coração batendo, sangue circulando, pulmões inflando. Não falo de biologia pura, de homem-máquina, de sistema nervoso central. Se for neste sentido, estamos todos vivos, a não ser que esteja vivendo em algum apocalipse zumbi.

Aliás, zumbis. Talvez seja a melhor definição para o ser humano contemporâneo. Acorda, toma banho, pega trânsito, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, pega trânsito, vegeta e dorme. Isso tudo com algumas variáveis. Às vezes um pouco de álcool, às vezes um pouco de sexo, às vezes alguma outra droga, novelas, filmes, seriados, Facebook. Algumas risadas, alguns bocejos, um beijo e boa noite.

E a vida passa.
E passa....
E passa....

Passa veloz. Despercebida. Quase indolor.

Quando dói, orações. E mais álcool. E alguns afagos. Psicólogos, psiquiatras, cartomantes.

Elogios. Elogios fazem a vida parecer melhor, somos vencedores. Somos bons. Não estamos aqui por nada. Elogios. Ego.

Promoções, diplomas, certificados. Pequenas pílulas de prazer. Fazem a vida parecer menos morna, menos monótona. Faz parecer que existe algum sentido em tudo isso. Parece que ser morno é o melhor. Sendo morno você leva até o final.

Para o epitáfio, algo justo:

"Aqui jaz homem honesto, deixou família, filhos e cachorro."

Dor. Talvez o único momento em que a lucidez é trazida a tona. A dor nos obriga a lembrarmos que estamos vivos. E como dói lembrarmos disso. Como dói. Tenho certeza sim que você lembra a última vez que sentiu tanta dor que só queria acordar. E, enquanto tentava acordar a vida batia fria e violenta na sua cara dizendo: "Cá estou, acorda."

Então lhe deram consolo. Remédio. Amparo. E então se esqueceu da visita da vida. Mas ainda sente calafrios em pensar nela. Medo. Angústia. Aliás, por medo abrimos mão da vida.

Infelizmente, é a forma mais comum de nos encontrarmos com a vida.

E tem outra?

Ora, não te lembras?!

Pense quando suas pernas tremeram tanto que parecia que não podia ficar em pé. Ou do calor no rosto queimando, e o suor escorrendo no frio do inverno. As pupilas dilatando, a cabeça girando, o coração saltando pra fora do peito. A vergonha de não conseguir esconder a vida.

Sim, sim, sim... sei que lembra... sei sim... tenho certeza.... pode até sentir de novo... sei que sorri escondido às vezes... sim... lembra, pois a vida quando chega, deixa marcas... memórias... histórias... sorrisos... saudades...

E não espere até amanhã para reencontrá-la. Logo, ela se vai. E aí é tarde.




quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Brasil Feudal


Sempre gostei muito de história. A história define quem somos, como nos tornamos o que somos e nos indicam muito claramente para onde andamos. Por óbvio, muitas vezes só percebemos quando nos afastamos emocionalmente dos fatos, e os analisamos apenas como matéria de estudo.
Há dias tenho lembrado, não sem certa saudade das minhas professoras de história. Seria capaz de lembrar o nome de todas. Lembro bem que assistia as aulas de história, como não assistia nenhuma outra matéria. E por que deste interesse? Simples! A história é fascinante porque é capaz de transmitir sensações. Sim, é impossível sendo criança/adolescente, ou até mesmo adulto, ficar impassível aos fatos que nossos ancestrais protagonizaram.
Lembro bem das sensações que afloravam quando discutíamos o feudalismo. Ficava indignado com a exploração que os servos eram submetidos nos feudos, para sustentar os senhores feudais (nobres) e o clero.
Para quem não lembra, o feudalismo iniciou com a decadência do império romano na Europa. Este sistema de organização social e política predominou durante toda a idade média. Era um sistema brutal, quase não havia ascensão social e o poder era hereditário.
Mas lembro que o que mais me indignava era que, um terço da produção deveria ser entregue ao nobre, por este ceder as terras para o servo trabalhar. O nome disso é Talha. Eu pensava: "Como pode um senhor cobrar 1/3 da produção de um pobre coitado, só para este utilizar suas terras. ISSO É EXPLORAÇÃO! ESCRAVOS, ISSO QUE SÃO!" Meu cérebro bradava verdadeiros impropérios contra estes malditos exploradores.
E depois disso, a professora continuava. Não bastava este horror, ainda tinham que pagar outras taxas. Confesso que tive que pesquisar os nomes, pois lá se vão quase 20 anos da época em que estudei isso no colégio.

Corvéia: Trabalho nas terras do senhor em alguns dias da semana.
Banalidade: Tributo cobrado sobre uso de bens do feudo, como moinho, forno, estradas.
Capitação: Imposto pago por cada membro da família.
Dízimo: 10% da produção deveria ser dado a igreja.
Albergagem: obrigação do servo em hospedar o senhor caso necessário.

E tinha mais alguns, porém, estes já demonstram que a vida de servo não era fácil.
Alguns de vocês já devem ter entendido onde quero chegar. Vamos fazer uma pequena comparação com o Brasil de hoje.


Hoje, uma empresa que se estabelecer no nosso maravilhoso país, somando ICMS, IPI, PIS, COFINS, parte do INSS, FGTS, Taxas, Tributos, Documentações, Alvarás e Outros que são cobrados indiretamente (impostos sobre produtos e serviços consumidos pela empresa que não podem ser aproveitados), chega a ter 60% do seu faturamento comprometido. Sim senhores, ou seja, quase 2/3 do que é produzido deve ser entregue aos SENHORES FEUDAIS modernos.
Também temos a nossa corvéia. Em 2014 tivemos que trabalhar até 23 de maio só para pagar impostos. Isso quer dizer que tivemos que trabalhar mais de 100 dias do ano nas "terras do senhor feudal". Trabalhamos mais de 100 dias de graça.
E a banalidade? Temos sim. Chamamos normalmente de pedágio, estacionamento rotativo, "contribuição voluntária" nas escolas públicas para o filho estudar.
E a capitação? IRPF.
E a albergagem? Bota na conta de todos os apartamentos funcionais dos deputados e senadores, auxílio moradia para os juízes que ganham mais de 20 mil por mês, e por aí vai.
Pensaram que eu tinha esquecido do dízimo? Aliás, é, como era, a forma mais rápida de ascender socialmente. Vire um pastor, funde uma igreja e fique rico. Vão pagar muito mais que os 10% de antigamente.


Resumindo, vivemos hoje no Brasil Feudal. E como, na ordem cronológica da história, temos o nomadismo, depois o feudalismo e por fim o capitalismo, no nosso brasilzão estamos indo contra a maré. Já saímos do capitalismo, vivemos hoje em um feudalismo brutal, e nos encaminhamos ao nomadismo, pois daqui uns dias, nem casa teremos.
E vem aumento de impostos aí. Os SENHORES FEUDAIS precisam de mais e mais dinheiro.