sexta-feira, 22 de abril de 2011

Brasil, o país dos remendos

Dificilmente viajo em feriados. Detesto. O trânsito vira um inferno. As pessoas com pressa de chegar, pressa de lanchar, pressa de almoçar, pressa para aproveitar o que nem sabem bem. O mundo moderno nos faz ter pressa sempre, mas esse é assunto para outro post. Hoje quero falar das campanhas que o brasileiro adora.
Principalmente, nesses feriados, lançam-se campanhas ferozes para combater TODOS os males que se sobressaem nessas datas. Tem-se campana para o trânsito, e essas sempre acontecem nas vésperas desses feriados.
Pessoas lançam-se desesperadas nos meios de comunicação pedindo que se tome cuidado, que se use o cinto, que não se corra nas estradas, que se beber não se deve dirigir. E qual a eficácia dessas campanhas? ZERO. Mas um zero bem redondo.
Nesse feriado em especial, não fez-se campanha para o uso de camisinha, porque é feriado santo, fica até "chato" falar desses assuntos. Mas feriados afora, e principalmente no carnaval, falasse muito no uso de camisinha.
Temos também campanhas de combate as drogas, campanhas para voto consciente, campanhas para paz nos estádios, campanhas para preservação do meio ambiente.
Atualmente está em alta a tal da campanha para o desarmamento. "Vamos desarmar os cidadão de bem", bradam os que são a favor. Gritam: "Vão desarmar os bandidos", os que são contra.
A verdade é só uma. Mesmo algumas campanhas sendo iniciativas louváveis (algumas tem iniciativas não tão louvaveis), não servem para muita coisa. Diria que não servem para NADA. Só nesses dois primeiros dias de feriado, já temos 22 mortos no trânsito no RS, só até as 15 horas de sexta, que é o momento que escrevo este post.
O que precisamos em primeiro lugar é educação. Desde pequenos conscientizar as crianças da necessidade de cuidados no trânsito, cuidados com o sexo, cuidados com a natureza. Isso, vejo pelo meu filho, as creches e escolas tem feito muito bem. O problema são os pais que passam em sinais vermelhos, que abusam da velocidade, que jogam lixo nas ruas, que não fazem a separação de seus lixos em suas casas, que tratam o sexo muitas vezes de forma preconceituosa.
Esses mesmos pais são os que cobram do governo providências. Que na arrogância que lhes é peculiar, não vêem seus erros como tão importantes, transferindo para outros os problemas do mundo. Não quero com isso dizer que o governo não tem responsabilidades. Sou o primeiro a cobrá-las. Mas a sociedade também passa pelas nossas mãos. Pelas nossas atitudes diante daqueles que vão nos copiar.
Sobre a responsabilidade dos governos, me dá nojo ver a forma com que tratam os problemas. Baixam leis e mais leis, sobre os mais diversos assuntos, mas dificilmente alguma delas é efetivamente cumprida. Se um motorista bebeu e dirigiu, deveria perder a carteira na hora, e ficar ANOS sem poder dirigir novamente. Se pego dirigindo sem carteira, deveria ser seriamente punido. Se alguém é pego com uma arma não lícita, deveria sofrer sansões severas. Se é pego jogando lixo em local impróprio, também. Porém, o poder público, por falta de vontade política e até por falta de moral para cobrar algo, faz vistas grossas a esse tipo de atitude. Prefere passar a mão na cabeça do povo a ser cobrado por esse. Sim, porque quem cobra dá o direito de ser cobrado.
Por isso, por essa falta de senso de responsabilidade por parte do povo e do seus governantes, seremos eternamente o país dos remendos. Onde cada morto ou cada catástrofe será resolvida por alguma campanha, e cada campanha precederá mais e mais mortes. E acharemos que está tudo bem, afinal, no Brasil, pra tudo se dá um jeitinho. Inclusive para a morte.