sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Maldito pensamento

Maldito seja o dia que nasci pensante. Maldito dia que resolvi ler os grandes pensadores da história. Maldita seja a necessidade de saber. Essa sede que nunca passa, e que nos faz séticos, amargos, duros, orgulhosos.
De que adianta pensar, buscar a verdade, se não posso mudá-la. De que adianta ver tudo antes que aconteça, se não posso fazer nada para alterar. De que adianta conhecer o caminho da felicidade, se não posso estendê-lo aos outros. De que adianta saber, se os ouvidos estão surdos aos meus gritos.
Preferia ter nascido ignorante, cego e surdo aos apelos insessantes do conhecimento. Preferia não saber nada. Simplesmente rir de tudo, achar graça do vazio, viver como fantoche, como uma barca que se deixa levar pela correnteza. Gostaria de ser incapaz de ver o que há diante de meus olhos, ser incapaz de ouvir os apelos da vida.
Quem sabe um dia eu consiga descançar dessa luta. Talvez um dia consiga sentar em um banco e ver a vida passar simplesmente.
Falar machuca. Calar angustia. O que fazer então? Não posso mais voltar atrás e fechar meus olhos diante do que aprendi, mas também não tenho mais forças de seguir adiante.
Se pelo menos houvesse uma resposta, mas no momento, só existem perguntas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nostalgia cega

Ultimamente tenho recebido muuuuuitos emails e muitas mensagens sobre como é triste o mundo atual. Temos drogas, guerras, violência. A família deixou de ser uma instituição respeitada. O mundo está perdido. Minha geração destruiu o mundo. Pergunto-vos: "Será?".
Tenho pavor ao culto ao passado e da radicalidade de dizer que no meu tempo era melhor, as pessoas se respeitavam mais, o mundo era mais tranquilo. É triste escutar que nenhuma esperança mais nos resta.
Pois bem, como sempre, sou do contra. Sou contra essa bobagem de dizer que tudo no passado era melhor. E também sou contra em dizer que agora é melhor. Cada tempo com suas mazelas e suas vitórias.
Mas, para que não restem dúvidas de que estou tendo um raciocínio válido, real, que não estou sonhando ou viajando, vamos fazer algumas pequenas comparações, com bordões que corriqueiramente escuto.
Primeiro, e talvez o mais deprimente, "a família não existe mais." Eu diria, ainda bem. No passado os pais tinham dezenas de filhos, que deveriam apenas para servir de mão de obra. Os que não servissem para o trabalho, seriam fardos a serem carregados, isso nas culturas mais desenvolvidas. Em outras, deveria-se simplesmente descartar esse ser. As mulheres não eram bem quistas se não tivessem o primeiro filho homem, e se nascessem meninas, era um castigo. Isso era repetidamente jogado na cara da criança, e adolescente. Os adultos sentavam a mesa enquanto as crianças, tidas como de menor valor, respeitavam a refeição, para só após comer as sobras. Os filhos, quando aprontássem, ou não quisessem trabalhar, porque sim, trabalháva-se apartir do momento em que se tinha força para erquer uma enchada, apanhavam feito animais com cintos, cordas. Assim era ensinado o RESPEITO aos mais velhos. Eu chamaria MEDO. Será isso concepção de família? Será essa a concepção de respeito que tanto clamam hoje em dia?
Tudo bem, não concordo com as estripulias dos jovens de hoje. Mas será que isso não foi apenas o resultado dos excessos causados pelos hoje avós em seus filhos? Será que os pais não soltaram tanto as rédeas por causa de traumas tidos com seus pais? Acredito que sim.
No passado também, ouço seguidos relatos de fome, ou quase fome. Comida escassa ou de grande dificuldade para ser conseguida. Ao contrário de hoje, que engordamos com nosso excesso de opções gordurosas. Melhor fome ou obesidade?
As guerras e a violência. Essa talvez seja a parte que mais assuste. Hoje, temos que nos trancar dentro de grades, para que não soframos com assaltos, roubos, mortes, estupros. Mas lembro-me de uma história que minha vó contava, que um bandido que se escondia na região onde eles moram, obrigáva-os a deixar comida para ele, que na volta de seus atos de banditismo, roubava deles o pão que era tão difícil de ser conseguido.
E quando aconteceram as grandes Guerras? E quando aconteceu o Holocausto? E quando aconteceu a perseguição as bruxas, a Santa Inquisição? E as cruzadas? Será que as guerras de hoje são piores que as de outrora?
E as drogas, que hoje matam nossos jovens? Antigamente também os matava, não fisicamente, mas psicologicamente. Os pais bebiam, principalmente no interior. Muitos alcoólatras, chegavam em casa bêbados, batiam na esposa, nos filhos e em quem mais cruzasse seu caminho. Existem inúmeros casos de pais matarem filhos espancados, ou filhos matarem pais para defenderem suas mães?
E as violências contas as mulheres? Contra os negros? Contra os índios?
Leiam os livros de história. Analisem realmente o que aconteceu no passado. Informem-se. Talvez o grande pecado da nossa época, é termos amplo acesso a cultura, e não saber como utilizar.
É fácil ser radical. Rebelde sem causa. Ou um velho resmunguento, falando do passado glorioso em que apanhava todas as noites antes de dormir, ou que passava frio e fome. Se hoje tudo é fácil, é porque evoluímos.
Poucos deram-se conta de que o mundo continua igual. Ainda somos bárbaros, só que agora Techno Bárbaros. Somos bárbaros de terno, gravata e celulares. Mas ainda somos iguaizinhos eram nossos pais, avós, bisavós, tataravós............
Mas, se me perguntássem se eu pudesse escolher em que ano eu gostaria de ter nascido, responderia, 2010. Sem sombra de dúvidas.
Minha época, se assim posso chamar, não é pior que nenhuma outra. Com a diferença de que as outras não poderão mudar, mas eu posso mudar a minha.
Então chega de saudosismo barato. Avaliemos o mundo em que vivemos, avaliemos a história, e depois sim, com argumentos, vamos discutir o que melhorou, o que piorou, e o que podemos fazer pra continuar evoluindo.

Marco Antonio Oselame

sábado, 16 de janeiro de 2010

Não somos um país sério.

Charles de Gaulle certa feita, disse: "O Brasil não é um país sério." Foi um rebuliço. Nos sentimos ofendidos, assim como os hipócritas se ofendem quando lhes são apontados os defeitos.
Não somos um país sério. Não podemos ser. Não, não somos. Nossos governantes não o são. Nossos empresários não o são. Nem nossos sacerdotes são.
Fazemos piada o tempo inteiro. A última, de muito mal gosto, o aumento de 3,9% na gasolina. Sim, quando reclamamos que o dólar caiu e o preço do combustível não, recebemos a desculpa de que somos auto-suficientes em petróleo, logo, nosso combustível não é regulado pelo mercado externo.
Então pergunto, qual o motivo desse aumento? Afinal, a petrobrás ganhou rios de dinheiro no último ano, é a oitava maior empresa do mundo. Descobriram o tal do pré-sal, que iria irrigar as veias de nosso trânsito e de nossos cofres. Fomos menos atingidos pela crise do que a maioria dos países. A Petrobrás é a empresa q mais cresce no Brasil, e a segunda que mais fatura, perdendo apenas para o Banco do Brasil.
Então, por que esse aumento?
A resposta é simples. Porque não somos um país sério. Se isso acontecesse em qualquer outro país haveria protestos em praça pública, a cabeça dos governantes seria pedida em praça pública, numa bandeja, e eles teriam que recuar, nem que fosse por medo de guerra civil.
Mas aqui, não somos sérios. Somos piadistas. Tudo vira piada. E enquanto fazemos piada com os nossos governantes, ele é que riem da nossa cara.
Enquanto isso o Ilmo. Sr. Luiz Inácio só aumenta seu índice de aceitação e prepara a sua seguidora, que até plástica tem feito para parecer mais simpática.
E nós, seguimos alienados, aplaudindo o Lulinha paz e amor, afinal, ele é como nós, do povo, veio de baixo, ele é o cara. Afinal, ele não é sério, e como não somos um país sério, queremos ter governantes q são uma piada. De muito mal gosto.
E já parafraseando De Gaulle, "Os homens não são importantes. O que conta é quem os comanda."

Mais civilizados????

Mais uma vez uma torcida de futebol da Itália é punida por racismo. A torcida da Juventus foi punida em 1 jogo, por manifestações racistas. Isso é o cúmulo.
Venho, desde que me conheço por gente, ouvindo manifestações das pessoas que voltam da europa, ou dos EUA, que são povos infinitamente mais civilizados que nós, brasileiros, estendendo as todos os latinos.
Lá não se joga papel no chão, se respeita os sinais de trânsito, tudo é limpo e organizado. Lá o sistema público funciona, a saúde é ótima, educação melhor ainda. Lá as pessoas se respeitam, e os crimes são punidos.
Sempre achei isso interessante, justificando pela cultura maior, educação mais forte, valores mais desenvolvidos.
Só tem um problema. As pessoas que viajam para a europa ficam em hotéis bons, bairros normalmente mais nobres, lugares turísticos. Normalmente que vai aos EUA não vai visitar as periferias. Os bairros dos latinos, dos negros, dos estrangeiros sem green card. Quem vai a Europa não vai visitar os bairros pobres de Paris, ou a periferia de Londres. Os turistas vão ao Louvre, vão conhecer palácios, museus, teatros.
Normalmente essas pessoas não se interessam em ler o que acontece em cada país... Greves, atos de vandalismo, racismo são crescentes na europa. Os europeus, em sua maioria ainda não conseguiram libertar-se do preconceito ariano, preconceito esse que faz muitas vítimas nesses países. Preconceito esse que continua criando grupos de marginais, que escondidos atrás de idéias vazias, matam, criam planos, enfrentam-se.
Europa que até 1989 tinha um muro que separava um país. Europa, que se vê sempre em estado de alerta por causa de guerras que a rodeiam. Os EUA então, nem se fala. Sempre metido em guerras, com desculpas humanitárias. Tem síndrome de Superman e acha que tem que defender o mundo de suas paranóias e a esquisofrenia de seu povo, sempre achando que tem alguém querendo destruí-los.
Aí, penso cá no nosso Brasilzão, do nosso povo sem cultura, nossa gente desdentada. Somos ignorantes, praticamente bárbaros. Não temos cultura, não temos o hábito de irmos a museus, teatros. Temos pouco acesso a eles também, normalmente mal administrados, como todo nosso setor público. Nossas ruas são suja, esburacadas, e nosso povo não sabe nem falar a própria língua com correção.
Só que no nosso país as pessoas são assassinadas pela fome, pela droga, pela miséria do povo, e não por sua cor, credo. Não quero assim justificar os crimes aqui cometidos, ou absolver os criminosos, mas prefiro que me matem pelo meu dinheiro do que pela minha cor, por ser católico, judeu ou protestante.
Precisamos melhorar sim, muuuuuito, na nossa educação, saúde, infraestrutura. Precisamos dar dignidade as pessoas. E espero e acredito que chegaremos lá, um dia quem sabe. Porque no dia que tivermos oportunidade de sermos mais cultos, mais bem alimentados, mais saudáveis, seremos a nação mais feliz do mundo. Por quê?
Porque mesmo sem cultura, sem acesso a saúde, educação, mesmo sem dentes, sorrimos. Tratamos bem qualquer pessoa, sendo ela negra, branca, parda, mulata, mameluca. Convivemos em harmonia. Embora, ainda existam pessoas que insistam em ter preconceitos, aqui estamos centenas de anos a frente dos europeus no quesito humanidade. E fico feliz, em morar num país onde negros, brancos, índios, gays, lésbicas, católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, homens, mulheres, crianças, idosos, possam confraternizar, ao contrário do mundo "civilizado".
E que cada vez mais o Brasil possa ser porto seguro das diferenças, e que o RS, tão europeu, possa também, evoluir junto com o Brasil nesse sentido. Afinal, aqui no RS, é o único lugar do Brasil onde Brancos, Negros e Índios lutaram juntos, por um ideal, e embora existam e sempre vão existir idotas acéfalos que teimam em ser preconceituosos, possamos, nós, os não preconceituosos, sermos maioria, e abafarmos esses malucos.