quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal, Natal, Natal

Já gostei mais do natal... não que não goste hoje, mas enxergo-o de maneira diferente do que a 15 anos atrás... A 15, talvez 20 anos atrás, o natal simplesmente chegava. Reuniamos a família, festejávamos, ganhavamos presentes, fingiamos que ainda acreditávamos em papai noel.
Depois que me tornei adulto, o natal começou a perder um pouco do sentido. Falamos em tempos de paz, em que devemos nos abraçar, em que o espírito natalino nos torna pessoas melhores, mais humanas, amigas, honestas... mandamos cartões desejando boas festas aos próximos, e até aos não tão próximos... Vemos filmes de Jesus, de papai noel, de milagres, de anjos...
Então, tomado pelo maravilhoso espírito natalino, resolvemos sair as ruas. Então o espírito da realidade, o espírito de porco toma conta.
Logo, você pensa que é páscoa, pela via crucis a ser feita. E a via crucis hoje tem outro nome, trânsito. De cara, engarrafamento. Se você quer estacionar, não tem vaga, se quer sair, ninguém dá espaço. E o tal de espírito de solidariedade? Ah, esqueci, era coisa do filme que assistimos na noite anterior. Pessoas acotovelam-se nos corredores dos supermercados. Quase se matam para conseguir o melhor peru, chester, ou o que for. Depois vão a igreja escutar o padre falando sobre dar a tunica, se pedirem o manto. E resolver ofertar o melhor peru para a pessoa do lado? Nem pensar, e o que meus amigos e familiares vão falar se o meu peru não for o melhor?
Pensa o malandro, vou ficar perto da velhinha, vai ser fácil pegar o melhor peru. Pobre engano. Até a pobre velhinha, indefesa durante o ano, torna-se um leão na luta pela melhor ceia.
E os presentes?! Não esqueçamos dos presentes, afinal, natal não é natal sem presentes, afinal, comemora-se a vinda do papai noel (era isso mesmo? bom acho que era). Aquele bom velhinho com roupas de veludo e lã, puxado por um trenó de neve, por renas. Tipico traje brasuca, para o calor de 32 graus que fez hoje.
Ah, esqueci! Há sempre o momento redenção dos pecados, onde doamos algo velho, ou barato (sim, porque se for bom e caro, não sou trouxa de dar para os outros) para uma criancinha necessitada. O resto do ano ela que se lixe, mas no natal, ela tem que ser feliz e eu tenho que me redimir dos meus pecados. Deus tá olhando, logo, faço uma doação, e um sinal da cruz depois, que é pra ter certeza que Deus não vai esquecer que doei. Mas claro, não podemos esquecer o aniversariante do dia. Jesus. Sim, aquele dos pastores, que nasceu na manjedoura(ou será mangedoura, nunca sei), com a tal da estrela, os reis, os anjos. O salvador. Que veio ao mundo pregar o fim da hipocrisia (afinal, se resolvermos realmente entender o que Jesus pregou, iremos descobrir que o que ele mais fez foi pregar contra a hipocrisia). Legal, esse cara era bom. Se todos fossemos como ele, o mundo seria melhor. Se esse filho da p*** que tá com o carro parado na minha frente andasse, o mundo seria melhor. Aliás, se esse cara não existisse o mundo seria melhor. Aliás, se esse monte de gente não existisse o mundo seria melhor.
E é assim, que ano após ano, tenho visto o natal. Uma época fantástica em que as pessoas se tornam melhores, e que o espírito de natal reina, trazendo um ano novo com muitas realizações de sonhos (IPTU, IPVA, IRPF, IRPJ...........). E certamente, 2010 será muito melhor que 2009, até porque, se piorar, fica difícil.

Abraços e espero que essa mensagem de natal não seja desanimadora, mas sim, ponto de início para uma reflexão do que fazemos com nós mesmos.

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