quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Generalizações

     Já pensaram em quantas vezes generalizamos com nossas opiniões? Quantas vezes acusamos pessoas inocentes por uma visão equivocada e parcial de um problema? Quantas vezes nossa soberba prevalece, e nossa opinião deixa de ser opinião para se tornar verdade única e inviolável? Quantas vezes vemos a ponta do iceberg e achamos que só por isso sabemos tudo que existe no oceano?
     Você já se perguntou antes de dar a sua opinião se sabe o suficiente do assunto para desferí-la? Sim, porque opiniões algumas vezes nos atingem como tapas. Opiniões magoam. Opiniões deixam marcas, muitas vezes profundas.
     Vamos a um exemplo simples. Quando tivemos nosso filho, minha esposa na maternidade quis amamentar direto do peito, mas o nosso pimpolho recusava-se veementemente a mamar. Ela tinha leite, tentava com todo o carinho, e ele não queria. Sofremos muito com a situação. Eu chegava para visitar minha esposa e ela chorava porque não conseguia amamentar enquanto todas as outras mães conseguiam. Deixaram meu filho quase 2 dias sem comer, para obrigá-lo a mamar. Até que o pediatra dele, talvéz o único em sã consciência mandou tirarem o leite do peito de darem para ele em um copinho. As enfermeiras forçavam, xingavam, maltratavam minha esposa porque diziam que era ela que causava isso.
     Isso deixou marcas muito profundas em mim e na minha esposa. O preconceito, a falta de bom senso, a falta de sensibilidade das pessoas diante de uma dificuldade que para nós se mostrava monstruosa. Mas isso nos uniu, nos tornou fortes, fez com que nos unissemos para lutar contra essa maravilhosa campanha de amamentação. Certamente teria o slogam: "Ou mama, ou morre...."
     Passados 2 anos e 4 meses, nosso filho é forte, sadio, esperto, não tem nenhuma doença grave, nem gripe pega. Será que precisavamos ter passado por tudo aquilo? Será que em nome de uma campanha, podemos fazer pessoas sofrerem tanto? Será que em nome de uma regra geral, podemos descartar qualquer tipo de exceção?
     Todo esse tempo passado, e uma artista famosa, Cláudia Leite, isso mesmo, a que casou virgem, como se casar virgem fosse alguma virtude (na verdade só demonstra seu pensamento quase que medieval), tendo sua opinião sendo difundida por um programa de visibilidade nacional como o fantástico diz a seguinte frase. "Mãe que não amamenta, ou é por preguiça ou é por vaidade!"
     Isso é generalizar. É falar de algo sem ter conhecimento de causa. É nivelar todos por baixo. É ser preconceituoso. Se ela tivesse dito: "Todas as mães que podem amamentar e não amamentam", aí tudo bem, embora também acho que não cabe a ela falar isso. Agora, fazer parte de um grupo, e conhecer parte de uma realidade não nos dá o direito de generalizar e propagar opiniões preconceituosas e radicais.
     Assim, ela me dá o direito de dizer que toda a cantora de axé, que é o que ela é, é burra, e que só faz sucesso porque rebola em cima de um palco com saias curtas, cantando músicas com letras que não dizem nada com nada. Só que não farei isso, porque tem pessoas que gostam dessas músicas, e gostam dessas pessoas, e acima de tudo, tem o direito de gostarem. Até porque existem cantores e cantoras de axé que são extremamente inteligentes, pessoas que não devem ser julgadas pela falta de sensibilidade de apenas uma cantora. Espero sinceramente que essa pessoa, não crie seu filho com a cabeça preconceituosa e generalista que ela tem. Afinal, o que menos precisamos no mundo são pessoas fundamentalistas.

Abraço a todos.

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