quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Brasil Feudal


Sempre gostei muito de história. A história define quem somos, como nos tornamos o que somos e nos indicam muito claramente para onde andamos. Por óbvio, muitas vezes só percebemos quando nos afastamos emocionalmente dos fatos, e os analisamos apenas como matéria de estudo.
Há dias tenho lembrado, não sem certa saudade das minhas professoras de história. Seria capaz de lembrar o nome de todas. Lembro bem que assistia as aulas de história, como não assistia nenhuma outra matéria. E por que deste interesse? Simples! A história é fascinante porque é capaz de transmitir sensações. Sim, é impossível sendo criança/adolescente, ou até mesmo adulto, ficar impassível aos fatos que nossos ancestrais protagonizaram.
Lembro bem das sensações que afloravam quando discutíamos o feudalismo. Ficava indignado com a exploração que os servos eram submetidos nos feudos, para sustentar os senhores feudais (nobres) e o clero.
Para quem não lembra, o feudalismo iniciou com a decadência do império romano na Europa. Este sistema de organização social e política predominou durante toda a idade média. Era um sistema brutal, quase não havia ascensão social e o poder era hereditário.
Mas lembro que o que mais me indignava era que, um terço da produção deveria ser entregue ao nobre, por este ceder as terras para o servo trabalhar. O nome disso é Talha. Eu pensava: "Como pode um senhor cobrar 1/3 da produção de um pobre coitado, só para este utilizar suas terras. ISSO É EXPLORAÇÃO! ESCRAVOS, ISSO QUE SÃO!" Meu cérebro bradava verdadeiros impropérios contra estes malditos exploradores.
E depois disso, a professora continuava. Não bastava este horror, ainda tinham que pagar outras taxas. Confesso que tive que pesquisar os nomes, pois lá se vão quase 20 anos da época em que estudei isso no colégio.

Corvéia: Trabalho nas terras do senhor em alguns dias da semana.
Banalidade: Tributo cobrado sobre uso de bens do feudo, como moinho, forno, estradas.
Capitação: Imposto pago por cada membro da família.
Dízimo: 10% da produção deveria ser dado a igreja.
Albergagem: obrigação do servo em hospedar o senhor caso necessário.

E tinha mais alguns, porém, estes já demonstram que a vida de servo não era fácil.
Alguns de vocês já devem ter entendido onde quero chegar. Vamos fazer uma pequena comparação com o Brasil de hoje.


Hoje, uma empresa que se estabelecer no nosso maravilhoso país, somando ICMS, IPI, PIS, COFINS, parte do INSS, FGTS, Taxas, Tributos, Documentações, Alvarás e Outros que são cobrados indiretamente (impostos sobre produtos e serviços consumidos pela empresa que não podem ser aproveitados), chega a ter 60% do seu faturamento comprometido. Sim senhores, ou seja, quase 2/3 do que é produzido deve ser entregue aos SENHORES FEUDAIS modernos.
Também temos a nossa corvéia. Em 2014 tivemos que trabalhar até 23 de maio só para pagar impostos. Isso quer dizer que tivemos que trabalhar mais de 100 dias do ano nas "terras do senhor feudal". Trabalhamos mais de 100 dias de graça.
E a banalidade? Temos sim. Chamamos normalmente de pedágio, estacionamento rotativo, "contribuição voluntária" nas escolas públicas para o filho estudar.
E a capitação? IRPF.
E a albergagem? Bota na conta de todos os apartamentos funcionais dos deputados e senadores, auxílio moradia para os juízes que ganham mais de 20 mil por mês, e por aí vai.
Pensaram que eu tinha esquecido do dízimo? Aliás, é, como era, a forma mais rápida de ascender socialmente. Vire um pastor, funde uma igreja e fique rico. Vão pagar muito mais que os 10% de antigamente.


Resumindo, vivemos hoje no Brasil Feudal. E como, na ordem cronológica da história, temos o nomadismo, depois o feudalismo e por fim o capitalismo, no nosso brasilzão estamos indo contra a maré. Já saímos do capitalismo, vivemos hoje em um feudalismo brutal, e nos encaminhamos ao nomadismo, pois daqui uns dias, nem casa teremos.
E vem aumento de impostos aí. Os SENHORES FEUDAIS precisam de mais e mais dinheiro.

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